As empresas nascem, crescem, amadurecem, envelhecem e morrem. Esta é a ordem natural das coisas. Assim ocorre com todo ser vivo. É a lei da natureza.
Mas, no caso das empresas, por que isto acontece?
A resposta para esta questão repousa na origem dos elementos que fazem com que cada etapa deste ciclo vital alcance sua plenitude.
A vida de uma empresa subdivide-se em duas grandes etapas:
A primeira, mais difícil e traumática, abarca o nascimento, o crescimento e o amadurecimento, ou seja, a sua constituição, o seu desenvolvimento inicial e a sua afirmação como empresa. Esta etapa requer um perfil característico de liderança que vem de uma pessoa especial que é o empreendedor.
A segunda etapa, a da perpetuação, exige outro perfil completamente diferente do primeiro qual seja o do administrador.
O empreendedor, e somente ele, tem condições de criar a empresa. O administrador a mantém. Quando não ocorre a migração de liderança do empreendedor para o administrador, as empresas entram no seu ciclo de envelhecimento, estiolam e morrem.
Este fenômeno é mais comum do que se imagina, e o temos observado incontáveis vezes em nossos mais de trinta anos de trabalho no mundo empresarial. As empresas que conseguiram atravessar no momento certo a dura fase de transição entre empreendimento e administração, através de um processo exitoso de sucessão e/ou profissionalização, mantém-se sólidas e inabaláveis.
São os empreendedores que, a despeito de quaisquer dificuldades e entraves que se anteponham no seu caminho, seguem em frente de forma denodada e sempre chegam ao seu objetivo. Onde a maior parte das pessoas, por mais inteligentes e capazes que sejam teriam desistido, o empreendedor continua em frente. Sempre em frente.
O empreendedor, entretanto, justamente por sua marcante diferença em relação às pessoas comuns, leva uma grande desvantagem. Ele se considera normal e acha que as pessoas devem ser como ele, e neste momento levanta entre ele e aqueles que o cercam uma barreira de incompreensão. Ele quer empreender e os demais não tem pernas suficientes para acompanhá-lo, pois seus passos são demasiadamente grandes.
Ele quer criar, mas os outros só sabem seguir o que já foi criado. Ele espera resposta a questionamentos que talvez somente ele saiba responder. Aí ele vê-se sozinho e solitário, passa a não acreditar na capacidade das pessoas, acha que por não conseguir acompanhar sua mente de gigante o estão traindo.
Quando este momento chega, é hora de mudar radicalmente o estilo de liderança. É necessário enxergar a empresa, não como um empreendimento em permanente processo de criação e sim como uma obra consolidada que requer organização, união em torno de objetivos globais e crescimento paulatino e consistente.
A grande aventura do desbravamento de novas fronteiras já produziu seus frutos. É chegado o momento de mantê-los e consolida-los. A figura do empreendedor não desaparece, pois a empresa é um empreendimento vivo. Apenas tem que passar para os bastidores. Remotamente ele pode e até deve continuar balizando os rumos e as grandes movimentações. O dia a dia, porém, tem que passar para o administrador.
Esta é uma exigência natural em qualquer processo empresarial, indispensável para que um empreendimento sobreviva e continue prosperando harmonicamente e sem sobressaltos.