O escritor e adestrador Cesar Millan é conhecido internacionalmente como o encantador de cães. Autor de diversos livros sobre psicologia canina, Millan tem seu próprio programa de televisão no canal a cabo Animal Planet, onde ensina as técnicas mais aprimoradas de conquista e adestramento de cães.
Cesar diz que “reabilita cães e treina pessoas”, e atribui todo o seu conhecimento a uma lição aprendida quando criança com seu avô, fazendeiro em Culiacán no México: “Nunca trabalhe contra a Mãe Natureza”.
Ainda que algumas vezes venha a ser agredido por animais mais ferozes, Cesar Millan nunca perde sua tranqüilidade e nem deixa transparecer para seus cães qualquer problema ou emoção pessoal: “Quer percebamos isso ou não, estamos constantemente nos comunicando com nossos cães por meio da nossa energia. Se estamos nervosos, eles ficam nervosos; se estamos agitados, eles ficam assim também”, explica o escritor.
O Encantador e o mundo empresarial
Empresário não é adestrador e funcionário nada tem a ver com cachorro, porém é possível tirar algumas importantes lições da peculiar experiência de liderança vivida por Cesar Millan.
Quando uma pessoa procura uma vaga em uma empresa, sempre se apresenta como profissional. Seu currículo salienta e, muitas vezes, até mesmo exagera sua habilitação e sua experiência para exercer determinada função. Suas referências são todas pessoas com as quais trabalhou e que possam atestar sua capacidade profissional.
Nenhum currículo conta sua infância, seu relacionamento familiar, as dificuldades que enfrentou durante sua vida pregressa e nem evidencia problemas pelos quais esteja passando no momento. Nunca é acompanhado de laudos psicológicos ou psiquiátricos, e sim de diplomas que atestam a capacidade intelectual e técnica do postulante à vaga.
“Nunca trabalhe contra a mãe natureza”
No relacionamento entre empresa e empregado, a natureza deste último é o profissionalismo, e o conselho do avô de Cesar Millan era que “nunca trabalhe contra a mãe natureza”. Acontece que, muitas empresas, assoladas por teorias administrativas de viés behavioristas, esquecem-se da natureza profissional do seu funcionário, e passam a vislumbrá-lo somente como um ser humano.
E exageram, focando suas carências defeitos inerentes a sua condição de ser humano imperfeito, de quem pouco se deve exigir e a quem muito se deve perdoar. Tratado desta maneira, o funcionário tende a esquecer de seu compromisso profissional e pode passar a agir de acordo com a forma como a empresa o trata: um ser carente de quem pouco se deve cobrar e a quem tudo se deve perdoar.
As duas naturezas
É a partir desta permutação de conceitos originada pela confusão entre a natureza profissional e a natureza humana do funcionário que as empresas começam a trilhar o caminho da improdutividade e da sistemática perda de dinheiro que poderá até mesmo levá-la à bancarrota.
Outro ensinamento proporcionado pelo encantador de cães é a eleição da serenidade como atributo da maior importância na arte de liderar. Assim como os cães do apresentador, as pessoas instintivamente se apercebem das emoções inconscientemente manifestadas pelo presidente, pelos diretores ou pelas chefias da empresa.
Energia e serenidade
A energia transmitida mesmo involuntariamente faz com que as pessoas adéquem seu comportamento. Se a mensagem é de medo ou de raiva, as pessoas ficarão com medo. Se de insegurança, tenderão a se retrair evitando ficar em evidência levando o ambiente a se tornar normótico.
O líder nunca pode fazer parte do problema. A ele cabe a obrigação de mobilizar as pessoas na busca da solução. Assim, não pode o líder externar sentimentos que possam influenciar negativamente os funcionários. Sua postura deve ser coerente sempre sinalizando o caminho a ser seguido para a conquista dos objetivos tanto dela mesma como de todas as pessoas que com ela colaboram.
