Eu quero fazer um time de basquete

Na verdade não quero fazer nenhum time de basquete, e sim, um pequeno raciocínio de como eu, ou qualquer outra pessoa, agiríamos se este fosse o objetivo.

Para criar um time de basquete a primeira coisa a fazer é escolher pessoas habilitadas para este tipo de esporte e que queiram participar do time. As facilidades, como quadra ou bola são assuntos resolvidos não merecendo qualquer consideração especial.

Aparecem os interessados. Três ações devem ser tomadas de imediato: Apresentar os objetivos do time, aquilatar o grau de interesse do candidato e avaliar sua habilitação.

Quer jogar no time e preenche as exigências? Está aprovado. Simples assim.

Vamos supor que um dos jogadores selecionados comece a perder rendimento e a não dar o máximo de si pelo time. O que faço é chamá-lo e perguntar o porquê de sua falta de dedicação. Se a razão não for algo tipo enfermidade momentânea, falta de material adequado como, por exemplo, tênis especial para jogar basquete ou algum outro problema que lhe dificulte os movimentos, coloco-o imediatamente em xeque. Ou quer fazer parte do time ou cai fora. Como é possível manter no time alguém que não queira jogar?

Acho que não seria criticado por agir desta maneira. Não imagino que alguém viesse advogar a favor do improdutivo argumentando com aspectos humanitários, considerações sobre as características específicas de cada ser humano, sua origem, raça, cor, religião, cultura familiar, nível de escolaridade ou qualquer outro motivo semelhante. Todo mundo acha que num time de basquete as pessoas devem jogar basquete e da melhor forma possível. Nada mais.

Agora meu time de basquete se transforma em uma empresa. Qual é a diferença?

Preciso de pessoas para executar funções específicas, explico o que pretendo e negocio com elas o seu trabalho. Fechado o negócio, não vejo porquê agir diferentemente do que no caso do time de basquete. Essencialmente é a mesma coisa. Preciso de pessoas, pessoas se candidatam, explicito o que quero, avalio o nível de interesse e verifico habilidades. Se a pessoa preencher os requisitos e quiser fazer parte do time, nada mais se deveria esperar do que cumprimento por parte do contratado e da empresa  daquilo que ambos concordaram no fechamento do negócio.

O raciocínio é de uma simplicidade acachapante, mas não é o que acontece na vida real.

Não conheço nenhuma teoria que estude o comportamento deficiente do jogador de basquete, mas conheço centenas de teorias que analisam e justificam as deficiências dos trabalhadores de uma empresa. É uma coisa fantástica.

Cada dia aparece alguma nova teoria e algum novo guru tentando justificar as deficiências operacionais através de viagens mirabolantes pelo universo infinito das diferenças entre os seres humanos tentando apresentar uma solução para a improdutividade com uma montanha de belos argumentos, exceto um: a obrigatoriedade do cumprimento do compromisso assumido na contratação. E por isto a produtividade não melhora.

É lamentável que a cobrança do contrato de trabalho seja vista como prepotência. Exigir que o jogador de basquete cumpra com seu compromisso é uma atitude aceita sem ressalvas. Exigir que o funcionário cumpra suas obrigações é visto como uma atitude autoritária.

E enquanto isto, continuamos como um dos países mais improdutivos do mundo atrás da Jamaica, do Irã, do Tajiquistão (alguém sabe onde fica?) e muito atrás da Botswana.

Pelamordedeus.

Eu quero fazer um time de basquete

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.