O Líder é, pela sua própria natureza, um ser autocrático. Não existe democracia no ato de liderar.
Visualizemos Moisés descendo o Monte Sinai, após quarenta dias de jejum, com as Tábuas da Lei debaixo do braço, ainda quentes devido à escrita feita a fogo pelo Todo Poderoso. Moisés fora escolhido para ser o Líder dos hebreus e a ele foi entregue uma resenha de dez mandamentos que deveriam ser seguidos por todo o seu povo. Ao chegar ao sopé da montanha, viu que o povo pecara e criará um ídolo sob a forma de um bezerro de ouro. Indignado, Moisés quebrou as Tábuas, transformou em pó o bezerro e, como castigo, fez o povo bebê-lo misturado à água.
Imaginemos agora, Moisés como um democrata, sentado com os chefes das tribos pilhados em pecado e idolatria, discutindo a validade de cada mandamento procurando se certificar de que todos os aprovassem e se comprometessem com eles.
“O que vocês acham do mandamento: “Não desejarás a mulher do teu próximo”? E daquele outro: “Não cobiçarás as coisas alheias”? Será que devemos manter como está o mandamento: “Não matarás”? Será que não deveríamos preservar, pelo menos por algum tempo, o bezerro de ouro como garantia para o caso de sofrermos uma nova recaída?”
Se isto tivesse acontecido não haveria hoje em dia conflitos no oriente médio, pois os hebreus ainda estariam sentados no deserto discutindo a validade de cada mandamento que agora não mais seriam apenas dez e sim centenas de milhares, mas cujo conteúdo, com toda certeza, seria inferior ao dos dez originais. Nunca teriam chegado à terra santa, e Moisés não seria o Grande Líder do Êxodo Hebreu sendo até hoje lembrado, apenas, como o Grande Cômico do Antigo Testamento.
A estratégia é passível de discussão. O objetivo, nunca. Quem discute objetivo não sabe o que quer.
Diariamente esbarramos em empresários cujas empresas passam por momentos difíceis devido à improdutividade e à consequente perda de rentabilidade e que não têm coragem de assumir a postura de Líderes que suas organizações exigem. Se a empresa é improdutiva com toda a certeza sua improdutividade é gerada, ou na melhor das hipóteses, tolerada por aquelas pessoas que ele contratou para fazê-la produtiva. Cabe ao empresário Líder, definir aonde quer chegar, que índices quer alcançar ou quanto dinheiro quer ganhar. Isto é matéria de decisão pessoal. Uma vez decidido, pode, ou melhor, deve recorrer à equipe para discutir a melhor estratégia para conquistar o objetivo.
Se o empresário, “por respeito à sua equipe”, achar melhor discutir o objetivo a ser almejado, passa a ser um Cômico.
Moisés tornou a subir a montanha para apanhar uma segunda via autenticada das Tábuas da Lei que havia quebrado. Mas não se afastou um milímetro do seu objetivo.
Mahatma Ghandi deve ter discutido as ações a serem tomadas para libertar a Índia do jugo inglês, porém nunca discutiu se a Índia devia ou não ser libertada. Martin Luther King discutiu estratégias para conquistar os direitos do negro americano, mas nunca discutiu seu sonho de igualdade.
Objetivos não se discutem, principalmente com pessoas que de alguma forma poderão ser afetadas por estes mesmos objetivos. Quem fizer isto nunca será um verdadeiro Líder e nunca chegará a lugar algum. No máximo, será um Cômico que nada mais conseguirá do que fazer as pessoas rirem às suas costas.