Se houvesse uma matéria nos cursos superiores de administração que tratasse somente do estudo dos livros de quatro autores = Esopo da antiga Grécia, de seus seguidores mais famosos, Fedro (Gaius Iulius Phaedrus) do primeiro século da era cristã e Jean de La Fontaine do século XVII, e do brasileiro professor Julio Cesar de Mello e Souza, mundialmente conhecido pelo pseudônimo de Malba Tahan – os formandos destas instituições sairiam muito melhor preparados para enfrentar os desafios propostos pela gestão empresarial.
As fábulas enriqueceram o imaginário infanto-juvenil durante grande parte da história ficando hoje, infelizmente, relegadas a um plano completamente secundário. Porém, quem as olhar com mais atenção verá que são de uma profundidade tal que supera em muito a maior parte dos ensinamentos dos grandes especialistas que povoam nossas redes sociais.
As histórias e fábulas são o estado da arte dos ensinamentos da vida real. Tratam do que acontecia séculos ou milênios atrás e que continuam acontecendo exatamente da mesma forma nos nossos dias.
Recomendo a leitura destes autores porque demonstram o que afirmamos no nosso modelo de gestão GAIA: as pessoas são iguais independentemente de sua origem, de seu nível cultural e sócio econômico, de sua crença religiosa ou de sua naturalidade. Sua igualdade transcende o tempo.
Em postagens futuras voltarei, sempre que possível na sua forma original, a alguns textos destes mestres da vida real.
Hoje vou de Malba Tahan num excelente texto que nos esclarece sobre o porquê de existirem tantos gurus e tantas diferentes teorias administrativas altamente divergentes entre si.
Em suas mãos estou depositando a fábula OS CEGOS E O ELEFANTE.
Boa leitura.
Achavam-se seis cegos sentados à beira da estrada, nas proximidades de Jericó, pedindo esmolas. Ouviram aludir ao elefante, mas não faziam a menor ideia desse animal.
Um belo dia aconteceu cruzar a estrada em que se achavam os seis cegos, um homem conduzindo um elefante domesticado. Informados do sucesso, rogaram ao guia que parasse e lhes permitisse examinar o animal. Impossibilitados de ver com os olhos, iriam conhecer pelo tato – como fazem os cegos – o bicho que lhes interessava.
O primeiro cego apalpou o elefante nas ilhargas e disse: – Já sei! o elefante é tal qual um muro, forte e áspero.
O segundo passou as mãos pelas presas e afirmou:
– Enganou-se, meu amigo. O elefante é mais parecido com lanças do que com muros; é redondo, liso e agudo nas extremidades. Eu é que sei como é um elefante.
O terceiro correu os dedos pela tromba do paquiderme e declarou com segurança:
– Ambos estão enganados. Quem tiver a menor parcela de senso percebe que o elefante é parecido com uma grande cobra.
O quarto cego, porém, estendeu os braços, abraçou uma das pernas do animal e disse:
– O pior cego é o que não quer ver. O elefante, não há dúvida, é assim a modo de uma palmeira. Asseguro que ele é roliço e alto que nem um coqueiro.
O quinto cego, homem de elevada estatura, alçando a mão, apanhou a orelha do elefante: apalpou-a e afirmou categoricamente:
– Parecem tontos! O elefante é uma grande ventarola!
Adiantou-se, finalmente, o sexto cego, e, segurando o elefante pela cauda exclamou:
– Quanta cegueira. Não percebem vocês patavina. O elefante nada tem de parecido com muro, lança, cobra, palmeira ou ventarola! Tudo isso é ridículo! O elefante é apenas um pedaço de corda.
O guia, então, tocou o elefante; o enorme animal continuou a viagem e os seis cegos ficaram à beira da estrada a discutir, exaltados, insultando-se uns aos outros com pesadas palavras, porque não chegavam a um acordo sobre a forma exata de um elefante.
Muita gente encontramos que, à semelhança dos cegos de Jericó, adianta informações erradas e falsas sobre coisas que não conhece, na convicção de que está com a verdade.
Na vida, precisamos ouvir sempre os sábios conselhos dos mais velhos, pois, muitas vezes, somos, sem que possamos perceber, iludidos pela aparência enganosa das coisas.
(Lendas do Céu e da Terra)