As empresas se desenvolvem a partir de si mesmas. Uma pequena bancada de trabalho numa garagem ou no porão da casa pode se transformar num conglomerado de empresas e divisões. A Microsoft e a Apple são dois exemplos de empresas de garagem que se transformaram nas maiores do mundo no seu segmento.
Um pequeno capital associado a alguma especialização pode ser o embrião de grandes organizações.
Na medida em que crescem e se transformam, as empresas continuam mantendo semelhança com o seu embrião inicial. E o embrião continua vivo dentro da empresa mantendo suas mesmas características iniciais, ou seja, continua sendo uma empresa, ainda que diminuta.
Esta característica de se desenvolver a partir de si mesma mantendo a similaridade com a forma inicial chama-se forma fractal.
Não cabe aqui apresentar um estudo sobre fractais, o que pode ser facilmente encontrado nas milhares de páginas sobre o assunto que circulam na internet. É suficiente, neste momento, lembrar que fractais são objetos ou figuras formados por partes iguais ou semelhantes a si mesmos.
Se a pequena empresa inicial conseguiu gerar lucro suficiente para promover seu desenvolvimento, a sua sucessora só continuará o crescimento se continuar gerando lucro.
O lucro é o objetivo de qualquer empresa. O dinheiro é o sangue que a mantém renovada. Como acontece com o corpo humano que só se mantém vivo se o sangue continuar irrigando todo o organismo célula por célula, o dinheiro também tem que permear todas as partes da empresa por mais recônditas e diminutas que sejam.
Na empresa embrião, o dinheiro irrigava todas as suas partes as quais retribuíam com mais dinheiro através da agregação de valor pelo seu trabalho. Mas este mecanismo de retorno do dinheiro aplicado continua ocorrendo em todas as partes da grande empresa? Muitas vezes não.
O crescimento implica a especialização e a consequente departamentalização. E é esta departamentalização que promove a maior perda de retorno do dinheiro investido. Os departamentos, certamente necessários para sustentar o crescimento, são os promotores da distorção da forma fractal pela sua tendência ao separatismo e à segregação.
O objetivo da empresa pode, muitas vezes, ser eclipsado pelos objetivos dos diferentes departamentos que tendem a agir por si próprios. Na garagem toda atenção e todo trabalho estavam voltados para o mesmo objetivo. Na empresa departamentalizada, nem todo mundo tem o lucro como único objetivo. Departamentos há que nem ao menos pensam no lucro. Alguns até chegam a considerar o lucro, que é a garantia de seu emprego, como algo exploratório, que nem deveria ser o objetivo maior. Veem-se pessoas falando mais do desenvolvimento pessoal, dos salários e benefícios e até mesmo do meio ambiente do que do lucro, esquecendo que somente o lucro pode sustentar estes seus anseios. Veem-se pessoas isolando seus setores, nos quais se consideram soberanos, desconectando-os do restante da organização e até mesmo procurando prejudicar o trabalho alheio.
Em muitas empresas não se consegue mais identificar a forma fractal. A dispersão dos objetivos acaba transformando toda a empresa em uma quimera na qual facilmente se evidencia a tentativa de unir em um mesmo organismo partes com DNAs diferentes. Sua semelhança com uma esfinge ou um minotauro, criaturas mitológicas formadas por parte humana e parte animal não é mera coincidência.
Vale lembrar que a culpa pela dispersão do rebanho nunca pode ser atribuída às ovelhas. O culpado sempre é o pastor. Se a equipe de uma empresa está dispersa e até mesmo conflitante, a culpa não é dela e sim daquele que se encontra na cúpula empresarial e que tem o poder de decidir o rumo e os desígnios da organização. A esta pessoa cabe reunir todos em torno de um só objetivo retornando a forma fractal da empresa às suas origens.
Aqueles comandantes que conseguirem realizar este feito ainda não estarão completamente salvos. O mundo circundante continuará conspirando contra seus negócios. Mas, com toda a equipe dando o melhor de si pelos objetivos da empresa, suas chances de sucesso se tornam infinitamente maiores. Os que não conseguirem estarão fadados ao fracasso.