O Brasil não é para principiantes

Vamos esperar passar a crise? Por quanto tempo?

Ninguém no Brasil consegue fazer alguma previsão razoável a curto ou a médio prazo. A longo prazo, a previsão mais acertada já foi feita por John Maynard Keynes quando disse “A longo prazo todos estaremos mortos”.

Acho que esta é a nossa perspectiva mais otimista.

Teori Zavascki também disse uma frase memorável: “A gente puxa uma pena e vem uma galinha” Algumas vezes vêm muitas galinhas e até mesmo grandes empresas que processam a carne destes pobres bípedes alados, como por exemplo, a JBS e suas comparsas da Carne Fraca.

A corrupção se tornou tão monstruosa que já existe corrupção dentro da própria corrupção. O cara recebe uma mala com quinhentos mil reais e, ao ser descoberto e filmado, devolve 465 mil. Os 35 mil devem ter sido roubados do próprio roubo. Sugestivamente 35 mil são 7% de 500 mil.

Em qualquer lugar que se olhe existe um foco de corrupção. No governo federal, nos estaduais e municipais, ministérios, nas secretarias, no congresso, nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais. Em todo lugar. Nas empresas públicas, nas faculdades, nas escolas de todos os níveis, nas creches, nos hospitais e nos departamentos de segurança pública.

Pode-se pensar que dentro destas instituições haja pessoas corretas e de caráter, mas temos tido tantas surpresas que pode ser que grande parte destes paladinos apenas não tenham sido investigados ou seus crimes ainda não tenham sido revelados.

Viveremos algum dia num país sério cujo governo trabalhe efetivamente para o bem estar da população? Por enquanto só através de emigração. Por aqui a perspectiva de se conquistar este status vai além das previsões de Keynes. Não acredito que algum dos atuais brasileiros venha a viver num Brasil sério e honesto.

Charles De Gaulle nunca disse a frase a ele atribuída “o Brasil não é um país sério”. Se tivesse dito não teria mentido.

As causas dos descalabros que nos despedaçam a cada dia têm sido atribuídas à corrupção do próprio povo, às suas origens lusitanas, ao modelo de governo de coalizão, à falta de educação no sentido de nível de escolaridade ou até mesmo à fragilidade legal. Tudo mentira.

O que falta é vergonha na cara e cumprimento das leis. Nossa justiça é, com raras e honrosas exceções, um monstro extremamente lerdo que têm um só olho voltado permanentemente para o próprio umbigo. Regiamente pagos, protegidos por leis absolutamente ridículas e elaboradas visando à causa própria a ponto de um juiz demitido ter como pena não mais precisar trabalhar mantendo, porém, os ganhos inalterados, arrastam os processos por anos ou décadas sem que ninguém possa cobrar-lhes agilidade. Fazem as coisas quando querem, mas recebem seus salários e seus benefícios polpudos rigorosamente todo fim de mês.

A degeneração mental e humana permeia a vida nacional e modificar este status quo é muito mais difícil do que querer alvejar um guardanapo de linho branco que ficou dez anos mergulhado no esgoto. A sujeira se entranhou de tal forma que a limpeza se torna impossível. Deve haver elétrons de sujeira circundando os átomos do tecido. É irreversível.

Fazer o quê? Estamos no paraíso do “salve-se quem puder”. Nem arrisco a dizer “cada um por si e Deus por todos” porque se Deus é brasileiro há muito tempo deve ter se mudado para um país mais condizente com sua divindade.

Tem razão, maestro.

O Brasil não é para principiantes

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