A temática sobre as relações empresa – empregado tem sido objeto de contínuas atualizações. Todo dia aparece na mídia alguma nova visão sobre o assunto, seja enfocando o que as empresas esperam e oferecem aos seus funcionários, seja apresentando visões sobre o que as pessoas esperam das empresas.
Uma pesquisa feita pela Love Mondays* sobre “o que as pessoas querem de uma empresa”, coloca entre 10 tópicos em ordem decrescente de importância:
- Mais reconhecimento.
- Melhor comunicação da empresa com os funcionários.
- Melhores salários.
- Conhecimento sobre o que está acontecendo no dia a dia da empresa.
Se pegarmos uma esponja e esfregarmos bem estes anseios até que fiquem completamente limpos poderemos enxergar o verdadeiro significado que se encontra por detrás de suas aparências.
Por que a maior parte dos entrevistados clamou por mais reconhecimento? Facilmente se pode concluir que as pessoas não estão vislumbrando condições muito favoráveis de terem seu trabalho melhor avaliado, o que, em consequência, dificulta ou retarda seu crescimento em termos de ganhos sejam salariais ou de benefícios.
O segundo aspecto é continuação direta do primeiro porque uma maior comunicação entre empresa e empregados proporciona melhores oportunidades de mostrar serviço e, portanto, azeita um pouco mais o caminho para o crescimento funcional e monetário.
“Melhores salários” é uma pedida óbvia que retrata sem rodeios a insatisfação com a remuneração pelo trabalho feito, problema que teria melhores chances de ser solucionado se houvesse maior reconhecimento e transparência por parte da empresa.
O “conhecimento do que acontece na empresa” já se situa mais à “esquerda” na escala dos dois grandes agentes motivacionais. A motivação oscila entre o “medo de perder alguma coisa que se tem” e a “vontade de ganhar alguma coisa que não se tem e que se deseja ter”. Sem saber o que acontece na empresa, o funcionário não pode fazer qualquer projeção sobre sua situação dentro dela.
Uma grande quantidade de perguntas passa a povoar a sua cabeça simplesmente porque não sabe o que acontecerá amanhã com a empresa ou com ela mesma. E isto é um grande fator de improdutividade porque tolhe significativamente a criatividade e a iniciativa. Se não sabe onde está, por que arriscar?
Todos os demais tópicos, quais sejam, “implementar ou melhorar plano de carreira”, “melhorar o gerenciamento da empresa”, “melhorar lideres e gerentes”, “criar melhores oportunidades de aprendizado” ou “melhorar benefícios corporativos”, nada mais são do que diferentes facetas do mesmo tema.
Tudo converge para um único aspecto: melhores ganhos imediatos ou futuros. A comprovação dessa assertiva pode facilmente ser constatada nas filas de desempregados. O que eles querem? Ganhar dinheiro, seja para sobreviver, seja para realizar outras aspirações pessoais.
Ninguém vai pra fila para conseguir um bom ambiente de trabalho, ou encontrar uma empresa preocupada com o meio ambiente, ou que faça de tudo para satisfazer seus clientes. Estes aspectos, importantes por si sós, são secundários na hora de buscar um emprego.
Não conheço ninguém que peça demissão de uma empresa para ir trabalhar em outra com ganhos muito menores, apenas porque o ambiente de trabalho é melhor. A não ser quando as oportunidades de crescimento, e de consequentes melhores ganhos no médio ou no longo prazo, justifiquem uma decisão deste calibre. Mas, com certeza, o ganho monetário sempre estará entre os primeiros, se não for sempre o primeiro fator decisório na busca ou na troca do emprego.
Leia o complemento deste texto em O que as empresas querem das pessoas