Vejamos a seguinte situação:
- Um empregado se sente, por algum motivo, injustiçado e ameaça a empresa com sua demissão.
- A empresa não quer perder o empregado e faz uma contra proposta para que ele continue trabalhando nela.
Este tipo de acontecimento é, ou já foi em épocas de pleno emprego, muito comum, e, portanto, fatalmente voltará a ocorrer.
Na maioria das vezes, o empregado aceita a proposta da empresa e continua trabalhando.
Entretanto, este fato merece algumas considerações:
- A empresa paga melhor para quem não quer trabalhar nela do que àqueles que querem?
- Se o empregado vale o novo valor, por que não o recebia antes?
- Este tipo de atitude da empresa não destrói o plano de cargos e salários?
- Como fica o clima caso os colegas descubram que ganham menos que o reclamador?
- Não poderá ser estimulada uma cultura de reclamações salariais?
Esta penca de problemas poderia ser evitada com um plano de cargos e salários transparente apresentado e discutido com o ainda postulante à vaga.
A transparência sobre o que a empresa espera do trabalho do novo funcionário, assim como a forma como ela valoriza a função em negociação, tanto em termos salariais e de benefícios, como em perspectivas de crescimento funcional, com regras claras para que o desenvolvimento possa acontecer, reduziriam significativamente este tipo de ocorrência indesejável.
A contratação de um funcionário é uma negociação entre duas partes, de um lado a empresa que precisa de alguém para desempenhar determinada função ou tarefa que se encontre a descoberto, e de outro a pessoa que se propõe a vender seu trabalho e sua expertise para suprir esta necessidade. Uma vez acordadas as bases da negociação, a contratação acontece e cada parte deve assumir os compromissos decorrentes da contratação.
É puramente negócio, e assim deve ser entendido.
Pode acontecer que com o passar do tempo, o funcionário apresente excesso de capacidade para a função que esteja desempenhando, podendo e até mesmo devendo ser considerado para outra função mais elevada e melhor remunerada. Mas, mesmo neste caso, as regras discutidas no momento da admissão devem ser seguidas.
A harmonia no ambiente empresarial somente será alcançada se a coerência e a transparência forem o pano de fundo do relacionamento empresa x empregado, sendo fundamentais para que os resultados sejam permanentemente aprimorados. Logicamente não confundindo harmonia com inércia ou normose.