O cérebro humano abomina a ignorância. Sempre que se vê frente a um fenômeno ou um acontecimento para o qual não tem uma explicação razoável, cria uma própria.
Nos primórdios da humanidade o homem vivia imerso num mundo de acontecimentos para os quais não tinha explicação. Por que as pessoas nasciam? Por que as plantas floresciam? Porque as chuvas caiam em gotas e inundavam tudo? Por que os rios e os mares maninham-se sempre em movimento ao mesmo tempo que pareciam inalterados? Porque os vulcões troavam e cuspiam lava? Por que os raios brilhavam no céu, faziam muito barulho e às vezes provocavam incêndios ou mortes?
Milhares de outros acontecimentos povoavam o ambiente primitivo e, como o cérebro já abominava a ignorância naquelas épocas remotas, as pessoas foram criando suas próprias explicações. E no início, por falta de conhecimento científico, atribuiu quase tudo a deuses ou a suas obras.
Passo a passo, a ciência acabou lançando no baú da mitologia a maior parte destas divindades, ainda que, de uma forma ou de outra, muitas continuem persistindo até os nossos dias. A disputa entre religião e ciência é um prato quente que nos é servido todos os dias.
Nos muitos anos de implantação do modelo de Gestão Através de Ideias Atratoras (GAIA) nos deparamos como inúmeras situações em que as pessoas, por falta de informação correta, criaram suas próprias versões a respeito da empresa na qual trabalhavam.
Como uma das premissas básicas do modelo GAIA é a transparência, sem a qual é impossível conquistar o comprometimento, presenciamos expressões de espanto de muitas pessoas quando tomaram conhecimento da real situação da empresa.
Os sindicatos, como grande parte das entidades sociais em sua maioria de esquerda, vendem a ideia de que o empresário é um explorador que suga seus funcionários. Seus comparativos se resumem ao faturamento da empresa e os salários pagos como se fossem as duas únicas parcelas da equação empresa x empregado. Nunca fazem um levantamento dos custos, dos investimentos, das dívidas, das perdas, da improdutividade. Isto não lhes interessa.
Como as empresas também não abrem suas informações contábeis e financeiras, a discussão gira em torno de um ponto cego do qual partem as duas pontas do cabo de guerra.
Mesmo quando chegam a um acordo, o que sempre ocorre de uma forma ou de outra, os conceitos nas cabeças das pessoas continuam inalterados. E continuam se sentindo explorados.
Poderia aqui apresentar vários cases nos quais, em função da transparência em relação aos propósitos e aos reais resultados da empresa, ocorreram mudanças radicais na motivação das pessoas e no seu empenho em produzir melhores resultados.
No meu livro “Quando a empresa se torna azul“ apresento detalhadamente dois destes cases de mudança, “A história da divisão que ia ser fechada” e “Os 190 canecos – um exemplo da vida real” nos quais é possível constatar uma mudança instantânea nas atitudes das pessoas em função da transparência e da mudança das atitudes das empresas, promovendo um salto muito significativo no desempenho e na rentabilidade.
Enquanto as empresas mantiverem as pessoas na ignorância em relação ao jogo empresarial, os cérebros destas pessoas criarão suas próprias versões dos fatos. Não é por outro motivo que inúmeras empresas continuam se arrastando quando poderiam performar como atletas olímpicos.